Professora do Sistema Municipal de Ensino de Vitória
Bullying???
Saiba o que é o bullying e como descobrir se seu filho ou filha está sendo alvo das brincadeiras de mau gosto na escola.
O QUE É?
Bully, no inglês, significa “valentão” ou “tirano”. A Expressão bullying não tem uma tradução exata para o português. É toda agressão feita repetidas vezes com a intenção de machucar e ofender outra pessoa ou até uma turma inteira: colocar apelidos cruéis ou constrangedores, insultar, ridicularizar ou intimidar um colega em público, promovendo seu isolamento. A violência pode ir além e resultar em ameaças e até agressões.
SINAIS DE QUEM É VÍTIMA
·Demonstra falta de vontade de ir à escola;
·Sentir-se mal perto da hora de sair de casa;
·Pedir para trocar de escola;
·Revelar medo de ir ou voltar da escola;
·Pedir sempre para ser levado à escola;
·Mudar freqüentemente o trajeto entre a casa e a escola;
·Apresentar baixo rendimento escolar;
·Voltar da escola, repetidamente com roupas ou livros rasgados;
·Chegar muitas vezes em casa com machucados inexplicáveis;
·Tornar-se uma pessoa fechada, arredia;
·Parecer angustiado, ansioso, deprimido;
·Apresentar manifestações de baixa auto-estima;
·Ter pesadelos freqüentes, chegando a gritar “socorro” ou “me deixa” durante o sono;
·“Perder”, repetidas vezes, seus pertences, seu dinheiro;
·Pedir sempre mais dinheiro ou começar a tirar dinheiro da família;
·Evitar falar sobre o que está acontecendo, ou dar desculpas pouco convincentes para tudo;
·Tentar ou cometer suicídio.
QUEM É O AGRESSOR
·É o tipo de criança/adolescente que espera que todos façam a sua vontade;
·Gosta de experimentar sensação de poder;
·Sofre intimidações ou é tratado como bode expiatório em sua casa;
·Já foi vítima de algum tipo de abuso;
·É freqüentemente humilhado por adultos;
·Vive sob constante pressão para que tenha sucesso em suas atividades;
·É irritado, impulsivo e intolerante;
·Lida mal com as frustrações;
·Envolve-se em discussões e desentendimentos;
·Pega pertences dos colegas, sem o consentimento.
COMO AGIR?
·Se suspeitar que seu/sua filho/filha está sofrendo bullying, pergunte diretamente a ele/ela;
·Fique atento aos possíveis sinais e sintomas;
·Faça um registro diário dos incidentes;
·Afirme com confiança, quantas vezes for necessário, que você ama seu/sua filho/filha e que ele/ela não é culpada por sofrer bullying;
·Não concorde com o pedido de manter o bullying em segredo;
·Converse com a Direção ou com professores se o bullying estiver acontecendo na escola;
·Ajude seu/sua filho/filha a praticar estratégias de defesa, com gritar “não” e retirar-se do local com confiança;
·Dê a seu/sua filho/filha chance de expressar seus sentimentos sobre o problema;
·Reúna-se com outros pais e discutam o que pode ser feito para cessar o bullying;
·Crie condições para encontrar-se com seu/sua filho/filha, caso o bullying ocorra a caminho da escola;
·Peça para que o(s) autor(es) seja(m) retido(s) na escola para que seu/sua filho/filha tenha a chance de chegar em casa em segurança;
·Verifique se seu/sua filho/filha está tendo atitudes que provoquem a ira do/a autor/a;
·Incentive seu/sua filho/filha a convidar colegas para ir à sua casa, criando novas amizades;
·Se precisar de ajuda, entre em contato com profissionais ou instituições especializadas.
Considerações Finais
A cada dia, nós conseguimos inventar uma moda mais sofisticada e com aparência de seriedade teórica para responsabilizar, cada vez um pouco mais, a geração dos mais novos pelos conflitos e confrontos da convivência humana desde muito cedo. O caso do "bullying" é um exemplo típico de como estamos desertando de nosso papel de iniciar os mais novos nas relações humanas. Estamos abandonando-os à própria sorte.
Esse fenômeno do "bullying" não é nenhuma novidade. Todos sabem do que crianças e jovens são capazes _alguns falam até em crueldade infantil. Acontece que eles olham apenas para si e não têm idéia ainda de que seus atos podem atingir o outro. São inconseqüentes porque ainda não refletem sobre a responsabilidade de seus atos, palavras, condutas. Não conseguem ainda se colocar no lugar do outro.
E é exatamente por isso que os adultos precisam fazer a iniciação dos mais novos na vida em grupo (papel importante da família) e na vida civil (papel notadamente da escola) para, entre outras coisas, mantê-las. E isso exige implicação, compromisso.
Ocorre que temos preferido nos comprometer conosco mais que com qualquer outra coisa. Estamos nos desresponsabilizando pelos fatos que têm ocorrido com nossos filhos e alunos. É por isso que dizemos, entre outras coisas, que as crianças e os jovens de hoje não têm limites. Parece que ter ou não ter limites tem a ver apenas com eles, não supõe a relação com um outro, em geral adulto.
O "bullying" ocorre com tanta freqüência porque os adultos responsáveis pelas crianças e jovens estão ausentes dessa relação.
Sendo assim, fique atento principalmente quanto às mudanças comportamentais dos seus filhos, sobrinhos, irmãos ou qualquer criança com a qual você convive. O "bullying" pode estar muito mais próximo do que você imagina. Vera Simões